quinta-feira, 18 de junho de 2015

O Planeta Terra é um ser vivo?

O Planeta Terra é um ser vivo?
(Tarso Araújo - Revista Mundo Estranho 01/2008)
 

Em 1969, a Nasa pediu ao químico inglês James Lovelock que investigasse Vênus e Marte para saber se eles possuíam alguma forma de vida. Analisando nossos vizinhos do sistema solar, Lovelock disse que não existia nada que pudesse ser considerado vivo por lá. Mas, ao olhar para a própria Terra, ele concluiu que, além de ser residência de diversas formas de vida, ela mesma se comporta como um grande ser vivo, com  mecanismos que ajudam a preservar os outros seres vivos que abriga. E batizou esse ser de Gaia, em homenagem àdeusa grega da Terra.
No começo, a teoria foi rejeitada pela comunidade científica, que achou a idéia meio hippie e pouco baseada em experiências que a comprovassem. Mas o lançamento de satélites a partir dos anos 70 trouxe dados sobre o planeta que ajudaram a reforçar a tese central da Teoria de Gaia: o planeta tem uma capacidade de controlar sua temperatura, atmosfera, salinidade e outras características que mantêm o nosso lar, doce lar confortável, com condições ideais para a existência da vida.

ESTÁGIO 01: ANTES DE GAIA

ESTÁGIO 2: GAIA NASCE

ESTÁGIO 3: GAIA EM FORMA

ESTÁGIO 4: GAIA NA UTI



AS MELHORES SÍNTASES SOBRE A "TEORIA DE GAYA"


fonte http://gealeducacaoambientalemloco.webnode.com.br/news/teoria-de-gaya-vele-a-pena-pensar-sobre-isso-/

A Teoria de Gaia
Hoje , porém, está cada vez mais clara a idéia de que os sistemas complexos que formam um todo orgânico, vivo, possui características próprias, homeostáticas e dinâmicas enquanto conjunto, apresentando características próprias que escapam às qualidades e atributos de cada uma de suas partes constituintes, linearmente conectadas... Ou seja, um organismo, como um todo é algo mais diferenciado e com atributos próprios bem acima da soma de suas partes componentes fundamentais. É assim, num exemplo simples, que dois gases que são muito utilizados na combustão, como o oxigênio e o hidrogênio, quando unidos possuem uma nova característica bem própria que nos permite usa-los para o combate ao fogo, ao formarem a água. Além do mais, nos sistemas orgânicos vivos, a homeostase apresenta-se com características dinâmicas tais que superam o comportamento normal das "máquinas" feitas pelo homem, notadamente quanto ao grau de entropia, ou do crescimento do equilíbrio térmico, que nas máquinas convencionais é percebido pelo desgasta sempre crescente do equipamento, o que leva ao fim de sua vida útil, mas que é mantido, ao contrário, em um nível mais ou menos constante nos seres vivos.
Da mesma forma, sistemas vivos são estruturas complexas que exibem características muito próprias, que "emergem" do conjunto formado por elementos possíveis de serem diferenciados. Por exemplo; pessoas e animais são formados por órgãos que são formados por células que, por sua vez, são formadas por vários elementos moleculares, alguns deles extremamente complexos, e estes, por fim, formados de átomos perfeitamente comuns e, em grande medida (senão na sua totalidade), igualmente presentes em todas as espécies de seres vivos. Ora, embora tenhamos a mesmíssima base atômica, ninguém vai dizer que existe uma igualdade funcional entre, por exemplo, uma rosa e um gato, ou entre um carvalho e um homem, muito embora, em essência, a estrutura do código da vida seja basicamente a mesma entre todos eles (o código genético, por exemplo, é escrito com as mesmas "letras" e com a mesma "sintaxe" em todos os seres vivos).
Ora, embora tenhamos um modo de manifestação física bem visível, onde os elementos estão em constante troca - nosso corpo está sempre se renovando é o padrão que advém ou que emerge das estruturas mais elementares, enfim, as características do todo, mais do que seus elementos constituintes, que nos farão reconhecer um homem de outro homem, ou um homem de um chimpanzé, uma sinfonia ou um poema das letras impressas numa folha de papel, etc.
As idéias-chaves que possibilitaram levar-se a sério a dinâmica da organização em si, do padrão como estando muito além das características das partes físicas constituintes, foi um dos maiores marcos da ciência do século XX, similar ao que ocorreu com a idéia de campo de energia, em . Física na segunda metade do século XIX.
Dentre os vários pais desta nova visão sistêmica de mundo, citam-se Ilya Prigogine, na Bélgica, que realizou a ligação fundamental entre sistemas em não-equilíbrio e não-linearidade, como os que constituem as "estruturas dissipativas"; Heinz von Foerster, nos EUA, que montou um grupo de pesquisa multidisciplinar, o que possibilitou inúmeros insights sobre o papel da complexidade na auto-organização dos seres vivos e não vivos; Herman Haken, na Alemanha, com sua teoria não-linear do laser; Ludwig von Bertallanfy, na Áustria, com o seu trabalho pioneiro e seminal sobre a Teoria Sistêmica dos seres vivos e das sociedades, etc.; Humberto Maturana, no Chile, que se debruçou sobre as características fundamentais dos sistemas vivos. Tudo isso sem falarmos do grande desenvolvimento e importância cada vez maior da ciência da Ecologia nos últimos 50 anos, e dos saltos conceituais nas ciências humanas, especialmente na Sociologia, com Michel Maffesoli, e em Psicologia, a partir de Jung.
Foi neste contexto, mais ou menos visível, mais ou menos presente (e em constante atrito com a concepção linear e estritamente mecanicista do paradigma cartesiano então - e ainda - vigente, muito útil à ideologia do capitalismo) que o químico norte-americano James Lovelock fez uma descoberta magnífica, talvez a mais bela do século na área das ciências biológicas, que lhe permitiu formular um modelo surpreendente de auto-organização não-linear, global e ecologicamente sublime, onde todo o planeta Terra surge como sistema vivo, auto-organizador.
As origens da moderna Teoria de Gaia (nome da antiga deusa grega pré-helênica que simbolizava a Terra viva) se encontram nos primeiros dias do programa espacial da NASA (Capra, 1997, p. 90). Os vôos espaciais que começaram na década de 60 permitiram aos homens modernos perceberem o nosso planeta, visto do espaço exterior, como um todo integrado, um Holos extremamente belo.... Daí as primeiras palavras dos astronautas serem de deslumbramento e emoção, muito longe do linear e frio linguajar técnico-científico presente nas operações de pesquisa e de lançamento dos veículos espaciais. Todos nós lembramos das poéticas palavras de Yuri Gagarin: "A Terra é azul"... Pois bem, esta percepção da Terra em toda a sua poética beleza, foi uma profunda experiência espiritual, como muitos dos primeiros astronautas não se cansaram de dizer, mudando profundamente as suas concepções e seu modo de relacionamento com a Terra. De certa forma, este deslumbre foi o passo inicial do resgate da idéia muito antiga da Terra como um organismo vivo, presente em todos as culturas e em todos os tempos (Capra, obra cit., p. 90; Campbell, 1990; Eliade, 1997).
Posteriormente, a NASA convidaria James Lovelock para ajudá-la a projetar instrumentos para a análise da atmosfera e, conseqüentemente, para a detecção de vida em Marte, para onde seria enviada uma sonda Viking.
A pergunta capital para Lovelock, dentro deste contexto, era: "Como podemos estar certos de que o tipo de vida marciano, qualquer que seja ele, se revelará aos testes de vida baseados no tipo de vida terrestre, que é o nosso referencial?". Este questionamento o levou a pensar sobre a natureza da vida e como ela poderia ser reconhecida nas suas várias possibilidades.
A conclusão mais óbvia que Lovelock poderia chegar era a de que todos os seres vivos têm de extrair matéria e energia de seu meio e descartar produtos residuais em troca. Assim, pensando no meio terrestre, Lovelock supôs que a vida em qualquer planeta utilizaria a atmosfera ou, no caso de os haver, os oceanos como o meio fluido para a movimentação de matérias-primas e produtos residuais. Portanto, poder-se-ia ser capaz de, em linhas gerais, detectar-se a possibilidade da existência de vida analisando-se a composição química da atmosfera de um planeta. Assim, se houvesse realmente vida em Marte (por menor que fosse sua chance) a atmosfera marciana teria de revelar algumas combinações de gases características e propícias à vida que poderiam ser detectadas, em princípio, a partir da Terra. Ou, em outras palavras, qualquer planeta, para possibilitar a vida, necessita de um veículo fluido - líquido ou gasoso - para o transporte ou movimentação de componentes orgânicos e inorgânicos necessários à troca de materiais e resíduos resultantes da vida, pelo menos no nível e na dimensão do que se reconhece por vida dentro de nosso atual grau de conhecimento. Este meio fluido deve, portanto, apresentar uma somatória de características básicas.
Estas hipóteses foram confirmadas quando Lovelock e Dian Hitchcock começaram a realizar uma série de análises da atmosfera marciana, utilizando-se de observações feitas na Terra, comparando os resultados com estudos semelhantes feitos na nossa atmosfera. Eles descobriram algumas semelhanças e uma série de diferenças capitais entre as duas atmosferas: Há muito pouco oxigênio em Marte, uma boa parcela é constituída de Dióxido de Carbono e praticamente não há metano na atmosfera do planeta vermelho, ao contrário do que ocorre aqui. Lovelock postulou que a razão para tal retrato da atmosfera de Marte é que, em um planeta sem vida, todas as reações químicas possíveis já ocorreram há muito tempo, seguindo a segunda lei da termodinâmica - a da entropia que já foi exposta acima - e que estabelece que todos os sistemas físico-químicos fechados tendem ao equilíbrio termo-químico, ou de parada total de reações. Ou seja, ao contrário do que ocorre na Terra, há um total equilíbrio químico na atmosfera marciana, não ocorrendo reações químicas consideráveis hoje em dia.
Já na Terra, a situação é totalmente oposta. A atmosfera terrestre contém gases com uma tendência muito forte de reagirem uns com os outros, como o oxigênio e o metano, mas que, mesmo assim, existem em altas proporções, num amálgama de gases afastados do equilíbrio químico. Ou seja, a pesar da contínua reação entre os gases, seus componentes continuam presentes em proporções constantes em nossa atmosfera.Tal estado de coisas deve ser causado pela presença de vida na Terra, já que as plantas (terrestres e aquáticas) produzem constantemente oxigênio, e os outros organismos formam os outros gases, de modo a sempre se repor os gases que sofrem reações químicas. Em outras palavras, Lovelock provou que a atmosfera da Terra é um sistema aberto, afastado do equilíbrio químico, caracterizado por um fluxo constante de matéria e energia, influenciando e sendo influenciada pela vida, em perfeito biofeedback!
Eis as palavras de Lovelock do exato momento de sua descoberta:
"Para mim, a revelação pessoal de Gaia veio subitamente - como um flash ou lampejo de iluminação. Eu estava numa pequena sala do pavimento superior do edifício do Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, na Califórnia. Era outono de 1965, e estava conversando com Dian Hitchcock sobre um artigo que estávamos preparando... Foi nesse momento que, num lampejo, vislumbrei Gaia. Um pensamento assustador veio a mim. A atmosfera da Terra era uma mistura extraordinária e instável de gases, e, não obstante, eu sabia que sua composição se mantinha constante ao longo de períodos de tempo muito longos. Será que a Terra não somente criou a atmosfera, mas também a regula mantendo-a com uma composição constante, num nível que é favorável aos organismos vivos?"
A auto-organização típica dos sistemas vivos, que são sistemas abertos e tão longe do equilíbrio químico postulado pela segunda lei da termodinâmica tão cara aos físicos clássicos como uma lei universal (que, de fato, parece ser para os sistemas físico-químicos fechados), é a base da teoria de Lovelock. É conhecido dos cientistas que o calor do sol aumentou em cerca de 25 por cento desde que a vida surgiu na Terra mas, mesmo assim, a temperatura na nossa superfície tem permanecido praticamente constante, num clima favorável à vida e ao seu desenvolvimento, durante 4 bilhões de anos. A próxima pergunta é: e se a Terra, tal como ocorre com os organismos vivos, fosse capaz de se auto-regular, fosse capaz de manter sua temperatura assim como o grau de salinidade dos seus oceanos, etc? Vejamos o que Lovelock nos diz:
"Considere a teoria de Gaia como uma alternativa viável à 'sabedoria' convencional que vê a Terra como um planeta morto, feito de rochas, oceanos e atmosferas inanimadas, e meramente, casualmente, habitado pela vida. Considere-a como um verdadeiro sistema, abrangendo toda a vida e todo o seu meio ambiente, estritamente acoplados de modo a formar uma entidade auto-reguladora".
Nas palavras de Lynn Margulis:
"Em outras palavras, a hipótese de Gaia afirma que a superfície da Terra, que sempre temos considerado o meio ambiente da vida, é na verdade parte da vida. A manta de ar - a troposfera - deveria ser considerada um sistema circulatório, produzido e sustentando pela vida.... Quando os cientistas nos dizem que a vida se adapta a um meio ambiente essencialmente passivo de química, física e rochas, eles perpetuam uma visão mecanicista seriamente distorcida, própria de uma visão de mundo falha. A vida, efetivamente, fabrica, modela e muda o meio ambiente ao qual se adapta. Em seguida este 'meio ambiente' realimenta a vida que está mudando e atuando e crescendo sobre ele. Há interações cíclicas, portanto, não-lineares e não estritamente determinista".
segunda-feira, 10 de maio de 2010
A TERRA VIVA - A Teoria de Gaia
De acordo com a Teoria de Gaia, a Terra é um organismo vivo assim como eu ou você. Além de ser residência de diversas formas de vida, ela mesma se comporta como um grande ser vivo, com mecanismos que ajudam a preservar os outros seres vivos que abriga.
Tudo começou em 1969, quando a Nasa pediu ao químico inglês James Lovelock que investigasse Vênus e Marte para saber se eles possuíam alguma forma de vida. Após analisar nossos vizinhos do sistema solar, Lovelock disse que não existia nada que pudesse ser considerado vivo por lá. Mas, ao olhar para a própria Terra, ele concluiu que, a biosfera do planeta é capaz de gerar, manter e regular as suas próprias condições de meio ambiente, como um grande organismo vivo. E batizou esse ser de Gaia, em homenagem à deusa grega da Terra.
Inicialmente, a teoria foi rejeitada pela comunidade científica, que achou a ideia com poucos fundamentos que a comprovassem. Mas a partir dos anos 70 o lançamento de satélites trouxe dados sobre o planeta que ajudaram a reforçar a tese central da Teoria de Gaia: o planeta tem uma capacidade de controlar sua temperatura, atmosfera, salinidade e outras características que mantêm o nosso lar, confortável e com condições ideais para a existência da vida. 
A metáfora do planeta vivo, apresentado por Lovelock, é importante para visualizarmos Gaia como algo frágil e que tem sofrido profundas agressões do ser humano, o qual quebrou o equilíbrio do planeta.
Para ele "o mundo já ultrapassou o ponto de não retorno quanto às mudanças climáticas e a civilização como a conhecemos dificilmente irá sobreviver".
Veja este artigo seu publicado no jornal inglês 'The Independent'.
Imagine uma jovem policial que se sente totalmente realizada na sua vocação. Então, imagine-a tendo de dizer a uma família cujo filho estava desaparecido que ele foi encontrado morto, assassinado, num bosque vizinho. Ou pense num jovem médico que tem de lhe dizer que a sua biópsia revelou um tumor agressivo em metástase.
Médicos e policiais sabem que muitos aceitam a verdade simples e horrenda com dignidade, mas muitos tentam em vão negá-la. Nós livramos os juízes da terrível responsabilidade de aplicar a pena de morte, mas ao menos eles tinham algum conforto em suas freqüentes justificativas morais. Médicos e policiais não têm como escapar de seu dever.
Este artigo é o mais difícil que eu já escrevi, e pelas mesmas razões. Minha teoria de Gaia diz que Terra se comporta como se estivesse viva, e qualquer coisa viva pode gozar de boa saúde ou adoecer. Gaia me tornou um médico planetário e eu levo minha profissão a sério. Agora, também devo trazer as más notícias.
Os centros de climatologia espalhados pelo mundo, que são os equivalentes aos laboratórios de patologia dos hospitais, têm relatado as condições físicas da Terra, e os climatologistas acham que ela está gravemente doente, prestes a passar a um estado de febre mórbida que pode durar até 100 mil anos. E eu preciso dizer a vocês, como familiares da Terra e parte integrante dela, que vocês e a civilização em especial estão em grave perigo.
Nosso planeta tem se mantido saudável e apto à vida, assim como um animal, por mais de 3 bilhões de anos de sua existência. Foi má sorte que nós tivéssemos começado a poluí-lo numa época em que o Sol está quente demais. Nós causamos febre a Gaia e logo seu estado irá piorar para algo parecido com um coma. Ela já esteve assim antes e se recuperou, mas levou mais de 100 mil anos. Nós somos os responsáveis e nós vamos sofrer as conseqüências: no decorrer deste século, a temperatura subirá 8C nas regiões temperadas e 5C nos trópicos.
Boa parte das terras tropicais se tornará caatinga e deserto, e não servirá mais para regulação do clima; isso se soma aos 40% da superfície terrestre que nós já devastamos para produzir nosso alimento.
Curiosamente, a poluição por aerossóis no hemisfério Norte reduz o aquecimento global ao refletir a radiação solar de volta ao espaço. Esse "apagamento global" é transitório e pode desaparecer em poucos dias junto com a fumaça que o carrega, deixando-nos expostos ao calor da estufa global. Estamos num clima de loucos, resfriado acidentalmente pela fumaça, e antes do fim deste século bilhões de nós morreremos e os poucos casais férteis que sobreviverão estarão no Ártico, onde o clima continuará tolerável.
Tarefa impossível
Ao não perceber que a Terra regula seu clima e sua composição, nós cometemos a trapalhada de tentar fazê-lo nós mesmos, agindo como se estivéssemos no comando. Ao fazer isso, condenamos a nós mesmos ao pior estado de escravidão. Se escolhermos ser os guardiões da Terra, somos os responsáveis por manter a atmosfera, os oceanos e a superfície terrestre aptos para a vida. Uma tarefa que logo acharíamos impossível -e algo que, antes de termos tratado Gaia tão mal, ela fazia para nós.
Para entender o quão impossível é a tarefa, pense sobre como você regularia a sua temperatura e a composição do seu próprio sangue. Quem tem problemas renais conhece a dificuldade diária inesgotável de de ajustar sua ingestão de água, sal e proteínas. A muleta tecnológica da diálise ajuda, mas não é substituto para rins saudáveis.
Meu novo livro, "A Vingança de Gaia", expande essas idéias, mas você ainda pode perguntar por que a ciência demorou tanto para reconhecer a verdadeira natureza da Terra. Eu acho que é porque a visão de Darwin foi tão boa e tão clara que demorou até agora para que ela fosse digerida. No tempo dele, pouco se sabia sobre a química da atmosfera e dos oceanos, e teria havido pouca razão para que ele imaginasse que os organismos modificavam seu ambiente além de se adaptarem a ele. Se fosse sabido à época que a vida e o ambiente estão tão conjugados, Darwin teria visto que a evolução não envolve apenas os organismos, mas toda a superfície do planeta.
Nós então poderíamos ter enxergado a Terra como um sistema vivo, teríamos sabido que não podemos poluir o ar ou usar a pele da Terra -seus oceanos e sistemas florestais- como uma mera fonte de produtos para nos alimentar e mobiliar nossas casas. Teríamos sentido instintivamente que esses ecossistemas devem ser deixados intocados porque eles são parte da Terra viva.
Então, o que fazer? Primeiro, precisamos ter em mente a velocidade espantosa da mudança e nos dar conta do quão pouco tempo resta para agir. Então, cada comunidade e nação precisará usar da melhor forma os recursos que tem para sustentar a civilização o máximo que puderem. A civilização usa energia intensamente, e não podemos desligá-la de forma abrupta; é preciso ter a segurança de um pouso motorizado.
Aqui, nas ilhas britânicas, nós estamos acostumados a pensar em toda a humanidade e não apenas em nós; a mudança ambiental é global, mas precisamos lidar com as conseqüências dela aqui. Infelizmente nossa nação é tão urbanizada que se parece mais com uma grande cidade, e temos apenas uma área pequena de agricultura e florestas. Dependemos do mundo do comércio para o nosso sustento; e a mudança climática nos negará suprimentos constantes de comida e combustível do exterior.
Nós poderíamos produzir comida o bastante para nos alimentar na dieta da 2ª Guerra, mas a noção de que há terras sobrando para plantar biocombustíveis ou para abrigar usinas eólicas é ridícula. Nós faremos o possível para sobreviver, mas infelizmente eu não consigo ver os EUA ou as economias emergentes da China e da Índia voltando no tempo -e eles são as maiores fontes de emissões. O pior vai acontecer, e os sobreviventes terão de se adaptar a um clima infernal.
Talvez o mais triste seja que Gaia perderá tanto quanto ou mais do que nós. Não só a vida selvagem e ecossistemas inteiros serão extintos, mas na civilização humana o planeta tem um recurso precioso. Não somos meramente uma doença; somos, por meio da nossa inteligência e comunicação, o sistema nervoso do planeta. Através de nós, Gaia se viu do espaço, e começa a descobrir seu lugar no Universo.
Nós deveríamos ser o coração e a mente da Terra, não sua moléstia. Então, sejamos corajosos e paremos de pensar somente nos direitos e necessidades da humanidade, e enxerguemos que nós ferimos a Terra e precisamos fazer as pazes com Gaia. Precisamos fazer isso enquanto somos fortes o bastante para negociar, e não uma turba esfacelada liderada por senhores da guerra brutais. Acima de tudo, precisamos lembrar que somos parte dela, e que ela é de fato nosso lar.
Fontes: Planeta Sustentável, Vida

O Planeta Terra é um ser vivo?

Sim. Segundo a Teoria de Gaia, o planeta é um ser vivo, como eu e você

Em 1969, a Nasa pediu ao químico inglês James Lovelock que investigasse Vênus e Marte para saber se eles possuíam alguma forma de vida. Analisando nossos vizinhos do sistema solar, Lovelock disse que não existia nada que pudesse ser considerado vivo por lá. Mas, ao olhar para a própria Terra, ele concluiu que, além de ser residência de diversas formas de vida, ela mesma se comporta como um grande ser vivo, com mecanismos que ajudam a preservar os outros seres vivos que abriga. E batizou esse ser de Gaia, em homenagem à deusa grega da Terra.
No começo, a teoria foi rejeitada pela comunidade científica, que achou a idéia meio hippie e pouco baseada em experiências que a comprovassem. Mas o lançamento de satélites a partir dos anos 70 trouxe dados sobre o planeta que ajudaram a reforçar a tese central da Teoria de Gaia: o planeta tem uma capacidade de controlar sua temperatura, atmosfera, salinidade e outras características que mantêm o nosso lar, doce lar confortável, com condições ideais para a existência da vida.
TERRA DE NINGUÉM
Conheça o nascimento, a evolução e as ameaças à vida do nosso planeta de acordo com a Teoria de Gaia, nos infográficos:

TEORIA DE GAYA, O que é?
Teoria de Gaia, também conhecida como Hipótese de Gaia, é uma tese que afirma que o planeta Terra é um ser vivo. De acordo com esta teoria, nosso planeta possui a capacidade de auto-sustentação, ou seja é capaz de gerar, manter e alterar suas condições ambientais.
A Teoria de Gaia foi criada pelo cientista e ambientalista inglês James Ephraim Lovelock, no ano de 1969. Contou com os estudos da bióloga norte-americana Lynn Margulis. O nome da teoria é uma homenagem a deusa Gaia, divindade que representava a Terra na mitologia grega.
Quando foi lançada, esta teoria não conseguiu agradar a comunidade de cientistas tradicionais. Foi, primeiramente, aceita por ambientalistas e defensores da ecologia. Porém, atualmente, com o problema do aquecimento global, esta teoria está sendo revista e muitos cientistas tradicionais já aceitam algumas idéias da Teoria de Gaia.
O planeta Terra é um ser vivo, sua biosfera tem a capacidade de gerar, manter e regular as suas condições de meio ambiente. Se um planeta não apresenta vida, a composição química da sua atmosfera seria determinada apenas por reações físicas e químicas.
Um planeta com vida apresenta uma atmosfera com química característica, uma combinação de gases cuja atmosfera vive em estado constante de desequilíbrio químico resultado da presença de organismos vivos. Somente o planeta Terra, no nosso sistema solar, apresenta estas características.
Esta teoria foi elaborada pelo britânico James E. Lovelock, nos fins da década de 60. Ao lado da norte-americana Lynn Margulis, estudou a atmosfera dos planetas como forma de detectar a existência de vida biológica. O termo “Teoria de Gaia” foi criado em homenagem à “deusa grega Gaia”.
Segundo esta teoria, a Terra reage organicamente a todos os atos nela sentido. É admirável, segundo o cientista, a Terra ainda estar equilibrada perante os desequilíbrios causados pelos atos humanos. O ser humano seria uma espécie de tumor que a Terra gostaria de expelir, ou simplesmente convidar para sair, por este não se adequar e viver ao ritmo orgânico natural do planeta.
A emissão de gás carbônico, de CFC´s, desmatamento, consumismo e outras atividades selvagens está levando o ser humano a correr riscos severos de sua extinção, antes extinguindo os elementos naturais. A teoria de Gaia tem simpatizantes ambientalistas, místicos e pesquisadores.
Pesquisa em Educação Ambiental
ISSN 1980-1165 versão impressa
Resumo
GUIMARAES, Maria Daniela Martins et al. A Teoria Gaia é um conteúdo legítimo no ensino médio de Ciências?. Pesq. Educ. Ambient. [online]. 2008, vol. 3, no. 1, pp. 73-104. ISSN 1980-1165.
A teoria Gaia propõe que biosfera, atmosfera, hidrosfera e litosfera são conectadas por alças de retroalimentação num sistema cibernético que mantém o ambiente físico-químico da Terra habitável para os seres vivos. Essa teoria deve ser incluída no conhecimento científico escolar? Neste artigo, analisamos se a inclusão da teoria Gaia no ensino de ciências possui legitimidade social e epistemológica, a partir de uma discussão sobre a construção do conhecimento escolar, da análise de propostas de introdução de Gaia na educação formal e não formal e da análise da cientificidade dessa teoria à luz da metodologia dos programas de pesquisa científica, proposta pelo filósofo da ciência Imre Lakatos. A partir de tais análises, concluímos que a inclusão da teoria Gaia no ensino de ciências é legitimada epistemológica e socialmente, podendo contribuir para a abordagem interdisciplinar de conteúdos geralmente trabalhados no ensino de ecologia, para o tratamento de temas ambientais que conectam diferentes disciplinas e para a compreensão da natureza da ciência.
Palavras-chave: Gaia; Ensino de ciências; Meio ambiente; Interdisciplinaridade; Transposição didática.


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